Os segredos da boa alimentação

Comer é um dos maiores prazeres da vida. O sabor dos alimentos colocados pelo Criador como recadinhos de amor podem nos trazer muita satisfação. Neste ponto, porém, cabe um alerta: as delícias da comida podem ser usadas para o nosso benefício ou para nossa destruição! Há uma profunda verdade no ditado popular: “Você é o que você come.” Analise a seguinte alegoria!

Chico e a herança

O homem mais rico da cidade estava preocupado. Já se achava com bastante idade, e a morte poderia chegar a qualquer momento. Para quem iria sua fortuna? Não se casara e não tinha herdeiros. Seus parantes não lhe queriam bem, portanto nada lhes deixaria como herança. Se não tomasse providências rápidas, após sua morte, seu dinheiro ficaria com o governo. O que fazer? Foi então que se lembrou do Chico, um sobrinho que sempre o visitava. Tudo o que ele pedia ao Chico, o sobrinho prontamente atendia. Mas... seria por amor ao tio, ou por interesse em sua fortuna? Após analisar bastante, o homem rico se decidiu por um plano. Chamou o Chico ao escritório e com voz triste lhe disse:

— Meu sobrinho, estou ficando velho e posso morrer a qualquer momento.

Tenho, porém, um pedido a lhe fazer. Talvez seja um dos últimos. Você pode me atender?

— Com o máximo prazer, tio. Qualquer coisa que o senhor pedir.

— Bem, eu vou fazer uma viagem e só voltarei daqui a seis meses. Enquanto isso, você pode construir para mim uma casa bem bonita? Pode ter piscina, quadras, sauna, salão de festas, e etc. Dê rédeas à sua imaginação. Pegue o dinheiro de minha poupança. Use o quanto for necessário, mas, por favor, apronte a casa dos meus sonhos antes que eu volte! Você fará isso por mim, Chico?

O Sobrinho deu um sorriso amarelo, mas disse:

— Claro, tio, o seu desejo é uma ordem!

Porém, lá no seu íntimo, Chico pensou: “Que tio chato. Nessa idade, pedir algo tão caro! Eu estou de olho no dinheiro dele quando morrer.

Agora, ele vem gastar tudo isso! Lá se vão meus futuros carros, meu futuro iate, minha ansiada poupança... Mas eu vou tapeá-lo. Vou contratar um construtor desonesto; vamos usar mais areia do que devemos, usar peças de casas demolidas e pintá-las como novas, economizar no encanamento, fiação, etc. A casa vai ser construída, mas só nós dois vamos saber como.”

E assim aconteceu.

Quando o tio chegou de viagem, Chico pegou-o no aeroporto, e o levou imediatamente para ver a casa nova. Que surpresa para o tio: a casa era realmente linda! Chico provara que atendia aos desejos do tio e o idoso homem julgou ser este um sinal de lealdade. Chamou o sobrinho ao escritório e lhe disse:

— Filhos, você tem sido muito leal a mim por todos esses anos, e quero recompensá-lo por isso.

Chico pensou: “E agora que me torno o homem mais rico da cidade.”

Mas o tio continuou:

— A casa que você construiu é a sua herança. O resto eu vou dar para instituições de caridade.

Que notícia mais chocante para o sobrinho! Seus sonhos de riqueza ruíram imediatamente. Só aquela casa malfeita como herança? Ah! Se ele pudesse começar tudo de novo. Com que capricho faria a construção de sua própria casa...

Dentro de pouco tempo a “herança” de Chico apresentava rachaduras, desgastes, defeitos no encanamento, problemas elétricos, necessidades urgentes de reforma. Que arrependimento ele sentia por ter usado material tão inferior e ter sido tão descuidado com a construção da casa.

Essa mesma realidade é vista em outra construção – o seu corpo. Cada tecido, cada órgão, cada célula só pode ser formado com o material recebido através do sangue. Se entrar para a corrente sanguínea material de primeira, a qualidade da construção do organismo revelará isso. Se, porém, sua alimentação for inferior, de segunda classe, descuidada, com certeza, o resultado será um corpo problemático, porque “você é o que você come”.

Veja o caminho para deliciar-se com os alimentos que você come, e receber, ao mesmo tempo, os maiores benefícios possíveis. Praticando os princípios que se seguem, você poderá desfrutar de sua comida sem remorso nem seqüelas.

Princípios de uma alimentação sadia

1. Usar alimentos em estado mais natural possível:

• Feijões em geral;
• Cereais integrais: arroz integral, aveia, triguilho, centeio, trigo integral, cevadinha, fubá, quirera, painço, trigo sarraceno, milho-verde, macarrão integral, farinhas integrais, produtos feitos à base de cereais integrais;
• Saladas: verduras e legumes, de preferência crus. Usá-los em grande quantidade;
• Castanhas em geral, amendoim, azeitonas;
• Frutas em abundância. Procurar também não comer muitas variedades na mesma refeição;
• Sementes de abóbora, gergelim, girassol, jaca, etc.

2. Evitar gorduras saturadas:

• Manteigas, margarina, banha, toucinho e gorduras hidrigenadas;
• Creme de leite e nata;
• Alimentos em geral que usem bastante óleo ou gordura;
• Frituras e salgadinhos;
• Refogados onde o óleo fique frigindo.

Obs.: É comprovadamente melhor para a saúde reduzir ao mínimo possível óleos e gorduras adicionadas aos alimentos. Para satisfazer as necessidades de ácidos graxos, adote alimentos oleaginosos (castanhas, sementes, azeitonas), e 1-2 colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem por dia, regando-o sobre a comida já pronta. Isso elimina a necessidade de usar o óleo, especialmente se for em excesso.

3. Distribuição das refeições: 

• Desjejum: bem reforçado;
• Almoço: Normal;
• Jantar: Bem leve e várias horas antes de dormir.

4. Tomar bastante líquido durante o dia, mas não durante as refeições:

• Ao se levantar, 1 a 2 copos de água morna ou fria, mas não gelada. Tomar o desjejum meia hora após;
• Duas ou três horas após cada refeição, tomar água, chá caseiro sem açúcar ou suco natural diluído sem açúcar;
• Meia hora antes de cada refeição tomar 1 a 2 copos de água fria ou morna;
• Antes de deixar, meio copo de água.

5. Comer apenas 3 a 4 variedades de alimentos em cada refeição, porém variar de uma dia para outro.

6. Preparar alimentos saborosos, mas dentro dos princípios. Procure aprimorar-se neste ponto: desenvolva técnicas culinárias que satisfaçam o gosto da família, sem ter que apelar para o uso abundante de açúcar, óleos, gorduras ou condimentos e especiarias prejudiciais, para agradar o paladar.

7. Não comer mais que três ovos por semana (mesmo incluindo as receitas que usem ovos).

8. Andar ou movimentar-se após as refeições (exercícios leves).

9. Comer em ambientes agradáveis. Evite discussões, pressões, assuntos desagradáveis ou notícias chocantes nesses momentos (é desaconselhável ver TV, brigar, exercer forte pressão psicológica, atender telefonemas frequentes, ler jornal ou resolver negócios enquanto se come).

10. Não comer quando estiver nervoso, cansado ou agitado.

11. Não lambiscar entre as refeições.

12. Evitar carnes, frios e queijos picantes ou gordurosos.

13. Mastigar bem os alimentos (até que a língua não note pedacinhos). Comer com muita calma.

14. Comer sempre um pouco menos do que se “deseja”. Não superlotar o estômago.

15. Comer sempre os alimentos crus no início de cada refeição (Começar pelas saladas ou pelas frutas).

16. Comer perto de 50% de alimentos crus em cada refeição (Quem quer ganhar peso deve diminuir a porcentagem e quem quer perder peso deve aumentá-la).

17. Procurar manter regularmente o horário das refeições.

18. “Coma para viver” e não “viva para comer”.

Se você ficou um tanto confuso com estas regras, tente iniciar o caminho da correção alimentar adotando o resumo abaixo:

Cinco regras alimentares básicas

1. Coma abundância de frutas, verduras e legumes crus (varie-os bastante de um dia para o outro).

2. Use cereais integrais e prefira os alimentos mais naturais possíveis.

3. Evite ingerir alimentos que dificultam o funcionamento tranqüilo do organismo:

• Estimulantes (café, chá-mate, pimenta, Coca-Cola e similares, caldo de carne, etc.);
• Gorduras em excesso, especialmente as saturadas (banhas, manteiga, margarina, frituras, carnes gordas).

“As refeições fast-food podem ser rápidas e fáceis, mas sabemos que são carregadas de gordura. Agora, segundo cientistas australianos há mais uma razão para restringir esses alimentos: nossas artérias enrijecem algumas horas depois que os ingerimos. O pesquisador Paul Nestel, do Instituto de Pesquisas Médicas Baker, de Melbourne, serviu a 16 voluntários uma refeição simples – um sanduíche de presunto e queijo com manteiga, leite integral e sorvete – contendo 50 gramas de gordura. Outro grupo comeu uma refeição pouco calórica, composta de cereais e leite desnatado, pão com pastas e frutas, num total de 6 gramas de gordura. Nestel usou imagens de ultrasom para verificar as artérias. Enquanto os vasos sanguíneos não foram afetados pela refeição com baixo teor do gordura, as artérias das pessoas que consumiram a refeição gordurosa se enrijeceram dentro de três a seis horas, perdendo 25% da capacidade de conter o sangue que fluía por elas. Embora ache que o efeito dure apenas algumas horas, Nestel acredita que o consumo regular de alimentos gordurosos possa levar a alterações permanentes e aumentar o risco de pressão arterial elevada e crises cardíacas.”

• Açúcar em suas várias formas, especialmente em excesso;
• Aditivos alimentares (corantes, acidulantes, conservantes, etc.);
• Carnes em geral, mas especialmente as carnes gordas, as de animais proibidos ou criados com hormônios);
• Queijos (especialmente os gordurosos e envelhecidos);

4. Mastigue até que a comida vire uma mistura homogênea na boca.

5. Siga a distribuição saudável das refeições do dia:

• Bom desjejum;
• Almoço médio;
• Jantar leve.

A distribuição sugerida para as três refeições do dia é vital para suas atividades diurnas, bem como para um bom descanso noturno. Se você vai enfrentar um dia de atividades (sendo que todas elas gastam energia), a lógica pede que você ingira um reforço nutricional adequado antes de iniciar a “luta”. À noite, porém, as atividades diminuem, o corpo funciona em “marcha lenta” e a necessidade energética, conseqüentemente, cai. Algumas pesquisas e citações podem reforçar a sua compreensão desse princípio.

A importância do desjejum

“É costume e norma da sociedade tomar um desjejum leve. Mas não é esta a melhor maneira de tratar o estômago. Na ocasião do desjejum o estômago está em melhores condições de cuidar de mais alimento do que na segunda ou terceira refeição do dia. O hábito de tomar um desjejum insuficiente e um almoço farto é errado. Fazei vosso desjejum corresponder mais aproximadamente à refeição mais liberal do dia.”

Pesquisas mostram que os indivíduos que fazem um bom desjejum:

• Têm menos acidentes (no trânsito, no trabalho, no lar, etc.);
• Em fábricas, os trabalhadores apresentam maior grau de eficácia nos testes de produção;
• Estudantes alcançam notas melhores e um desempenho mais completo;
• Há melhora notável no que diz respeito a desentendimentos, brigas, acessos de raiva, desobediência, etc.
• Melhora o nível de cooperação, alegria e suavidade no meio ambiente.

Efeitos da alimentação imprópria sobre a disposição

“Muitas fraudam sua disposição pelo comer impróprio. Devemos ser tão cuidadosos em aprender as lições de reforma de saúde como o somos em ter nossos estudos devidamente preparados: pois os hábitos que adotamos nesta direção ajudam a formar nosso caráter para a vida futura. É possível a alguém danificar sua experiência pelo uso mórbido do estômago.”

Dicas para evitar a ingestão excessiva

1. Antes do primeiro bocado, coloque no seu prato tudo o que você deveria comer.

2. Coma com deleite, esquecendo os problemas; tenha delicadeza e bons modos ao comer, e faça-o com uma oração de agradecimento ao Criador.

3. Não “limpe” o prato ao terminar as refeições.

4. Desacelere a sua velocidade no comer: pegue pequenos bocados e mastigue completamente. Descanse o talher no prato entre um bocado e o próximo. Não use líquidos para amolecer a comida (isso é trabalho para a saliva). O prazer que o alimento causa perdurando na boca satisfará o seu apetite com menor ingestão.

5. No início do processo reeducativo, planeje pequenas pausas durante as refeições.

6. Nunca repita qualquer porção a não ser de alimentos crus.

7. Peça licença para sair da mesa imediatamente após terminar de comer.

8. Sugira uma caminhada ou exercício leve.

9. Planeje antecipadamente o que vai comer em um restaurante ou eventos sociais, e então fique em seu planejamento.

10. Não pense ou olhe para o alimento sobre a mesa ao se aproximar o final da refeição.

11. Não coma nada depois de haver terminado a sua porção de refeição.

12. Elimine ou reduza as gorduras da refeição. Além de altamente calóricas, elas aumentam a palatibilidade e sustentam o desejo de comer mais.

13. Procure escolher alimentos que satisfaçam os quatro sabores básicos logo no início da refeição:

• Salgado (alimentos que levam sal);
• Doce (amido bem cozido e bem mastigado, frutas doces ou frutas passas dão este sabor);
• Azedo (tomate, limão, frutas ácidas ou semi-ácidas, iogurte e algumas verduras);
• Levemente amargo ou amargo (cebola, azeitona, algumas verduras, alguns legumes, algumas sementes e castanhas).

Recompensas da prática correta

“A sobriedade na alimentação é recompensada com vigor mental e moral, é também eficaz no domínio das paixões.”

Fonte: Livro Saúde Com Sabor. Receitas para uma vida saudável.